A cerca de meio milhão de anos atrás, os pitecantropos habitavam a Terra. Tinham o domínio do fogo e utilizavam objetos feitos de pedras e ossos como armas e utensílios.
Estes antepassados da raça humana eram, provavelmente, “caçadores de rastreio”. Esta é uma técnica de caça baseada na diferença entre a dieta alimentar do caçador e da caça herbívora.
O bando de caçadores cerca a presa que, ao sentir a presença estranha, foge rapidamente.
O grupo segue a trilha do animal, que foge novamente. Isto acontece por cerca de dois ou três dias, quando a caça está esgotada e é capturada.
O segredo está na dieta alimentar. O herbívoro necessita de grande quantidade de vegetais para se manter vivo, por isso passa grande parte do tempo comendo.
Com a perseguição ele não tem tempo de se alimentar. Já os caçadores levam consigo alimentos nutritivos, tais como ovos, nozes, tubérculos, etc., assim, estão alimentados e fortes para o combate.
E aí surgiu a embalagem …
Esta história, além de interessante, mostra que os pitecantropos já transportavam seus alimentos durante percursos relativamente longos, o que só seria possível se eles tivessem algum tipo de recipiente.
Conclui-se que as primeiras noções de embalagem começam com a origem do homem.
Inicialmente, surgiram para conter e transportar alimentos e água, passando, posteriormente, a armazena-los em suas “casas” (como já tinham o domínio do fogo, passaram a habitar cavernas).
As primeiras embalagens foram chifres ocos, crânios de animais e grandes conchas.
A história continua
Há 150 milhões de anos surgem os neandertais, a Terra está esfriando, há necessidade de passar mais tempo nas cavernas e, consequentemente, manter mais alimentos e água.
Eles dominavam o trabalho com pedra, principalmente aquelas com sílex. Faziam instrumentos e armas, muitas vezes em número maior do que necessitavam, para que pudessem trocar com outros grupos.
Inicia-se, então, um rudimentar comércio entre tribos.
Além disto, fabricavam roupas com peles e cordas com fibras vegetais. Provavelmente confeccionavam recipientes em peles, para transporte de comida.
Surge, então o Homo Sapiens, a 50 milhões de anos atrás. Começa, aqui a grande aventura da evolução do homem como o conhecemos hoje.
Estamos saindo do Período da Pedra Lascada e entrando no Período da Pedra Polida.
O homem está evoluindo, suas necessidades e desejos foram aumentando. Os objetos e utensílios acompanham esta evolução para satisfazer as necessidades humanas.
Em aproximadamente 4.000 a.C. aparece a escrita. Saímos da Pré-História e entramos na Antigüidade.
Nesta época inicia-se o intercâmbio de mercadorias entre a Mesopotâmia e o Egito.
A embalagem como conceito de conter para transportar e armazenar, com finalidades comerciais, teve sua origem neste período.
Os produtos eram acondicionados a granel e embarcados em navios. Os contentores eram basicamente de argila e fibras naturais.
Antes disto, as trocas comerciais de mercadorias eram feitas passando-se o produto de um recipiente para outro.
Com a necessidade de se transportar produtos a longas distâncias, surge a preocupação com as embalagens de consumo.
Primeiras referências
Um dos usos mais antigos que se tem conhecimento ocorreu por volta do ano 3.000 a.C., onde foram usados recipientes de alabastro para acondicionar cosméticos para as damas da Mesopotâmia.
Nesta época os egípcios iniciaram a confecção de garrafas de vidro, através da moldagem em areia. Eram recipientes rústicos, usados para acondicionar óleos, perfumes e cosméticos.
Foi entre 2.000 a.C. e 1.000 a.C. que os fenícios e cretenses desenvolveram o comércio marítimo no Mediterrâneo Oriental.
Estes povos contribuíram muito para aumentar o contato com as diversas culturas da época.
Por volta do ano 1.100 a.C. os dórios invadem a região da Grécia e, segundo a tradição, em 753 a.C. é fundada Roma.
É o surgimento de duas grandes civilizações: a Grega e a Romana, que muito contribuíram para o desenvolvimento do comércio e de novas técnicas.
Surgia a necessidade de se proteger os produtos transportados, evitando-se perdas e contaminações.
O precursor do barril é desenvolvido nesta época, bem como o conceitos de recipientes fechados ou lacrados.
As técnicas de sopro são aperfeiçoadas por volta de 300 a.C., acelerando a confecção de artigos em vidro e com melhor qualidade.
A queda do Império Romano do Ocidente em 474 d.C. marca o final da Antigüidade e início da Idade Média.
Período marcado pelo feudalismo, poucos avanços foram feitos no que se refere a embalagem.
O papel
Entretanto, uma importante arte foi aprendida e desenvolvida neste período. Em 751 d.C. os árabes capturaram fabricantes chineses e aprenderam a produzir papel a partir de fibras de linho.
A partir daí, o papel foi sendo difundido pela Europa. Há registros de que por volta de 1310 d.C. iniciou-se a fabricação de papel na Inglaterra.
Outra tecnologia que começou a se desenvolver neste período foi o da impressão sobre papel.
Existem evidências que em 868 d.C. os chineses fizeram a primeira impressão sobre papel, a partir de blocos de madeira entalhada.
Avanços
Mas foi em 1450, durante o Renascimento, que Johannes Gutenberg, descendente de família tradicional de Mogúncia (Alemanha), abre uma oficina de impressão e utiliza pela primeira vez o tipo móvel.
Existem relatos de que o holandês Lourenço Coster teria utilizado tipos móveis, feitos de madeira, por volta de 1420, no entanto, a invenção da imprensa é atribuída historicamente a Gutenberg.
Foi, também, durante este período que os vidreiros redescobriram truques utilizados pelas civilizações antigas na fabricação de vidro.
Estes artesãos eram mais cozinheiros que químicos, guardando em sigilo todas as técnicas do ofício, para manter seu prestígio e poder.
A queda de Constantinopla em 1453, marca o fim da Idade Média e início da Idade Moderna. Surgem as Monarquias Nacionais, o Ilusionismo e a Expansão Marítima.
Com as novas tecnologias, a indústria farmacêutica inicia a utilização de embalagens na venda de produtos para consumo.
Eram frascos de vidro arrolhados e selados com cera e identificados por rótulos em preto e branco amarrados nos gargalos por barbantes.
Em 1740 os remédios já eram comercializados na Europa.
O comércio se desenvolveu, mas poucas inovações ocorreram em termos de embalagem.
As funções continuavam sendo: transporte, armazenagem e proteção.
Primeiros apelos mercadológicos
Os primeiros apelos mercadológicos só surgiram na Era Contemporânea, iniciada a partir de 1789, com a Revolução Francesa.
Com a evolução tecnológica e desenvolvimento do capitalismo, iniciou-se na Inglaterra (1760 a 1860) a primeira fase da Revolução Industrial.
Surgiu a necessidade de mais mercadorias para se comercializar.
Em 1798, Alois Senefelder, em Munique, desenvolve os primeiros princípios da impressão litográfica.
Este método foi o primeiro a permitir impressões coloridas com boa qualidade em papel e, posteriormente, em embalagens metálicas.
Os avanços tecnológicos eram grandes, permitindo-se produzir cada vez mais a custos baixos, mas o mercado continuava vendedor, ou seja, o que se produzia, vendia.
As preocupações com embalagem eram voltadas a distribuição e conservação dos produtos em longas distâncias.
Os produtores enviavam as mercadorias em embalagens a granel, que os varejistas estocavam, obrigando os consumidores a levar os produtos em sacolas ou sacos de papel.
A embalagem não era considerada unidade de venda.
Em 1809, o confeiteiro francês Nicolas Appert inventa o processo de conservação de alimentos por aquecimento e selagem em recipientes com pouco ar.
Em 1810, na Inglaterra, Auguste de Heine e Peter Durand patenteiam a utilização de latas para conservação de alimentos. É o início da moderna indústria de embalagem.
Outra importante invenção que surge no final do séculos XIX e início do XX, são as técnicas fotográficas, permitindo a separação de cores para o processo de impressão, reduzindo o número de tintas coloridas e chapas e, consequentemente, uma redução dos custos.
Mercado comprador
Neste mesmo período começa a haver mudanças na Europa e Estados Unidos. As técnicas de produção estão evoluindo e a concorrência aumenta.
A produção de bens de consumo não se escoa mais naturalmente. O mercado começa a ficar comprador.
O consumidor fica mais exigente, analisa qualidade e segurança das mercadorias.
Não quer adoecer devido a produtos deteriorados ou contaminados. Surgem as primeiras legislações sobre o assunto.
Inicia-se a preocupação com o aspecto mercadológico da embalagem.
Em 1899 a National Biscuit Company introduz, com sucesso, a embalagem Uneeda Biscuit, que consistia em uma caixa de papelão que continha um papel envolvendo os biscoitos e outro por cima, mostrando a logomarca.
Estava finalizada a era dos biscoitos em barris nos Estados Unidos.
Mas foi só nas décadas de 40 e 50, com o surgimento dos primeiros supermercados e, conseqüentemente, da venda por auto-serviço, que a função vendedora da embalagem ganhou maior importância.
Os aspectos visuais de forma e cor foram sendo cada vez mais considerados.
O volume e a variedade de embalagens para auto-serviço vem crescendo ano a ano.
A preocupação com o consumidor, tanto na parte de comunicação quanto na facilidade do uso, vem se desenvolvendo. Não é mais aceitável produtos que não facilitem nossas vidas.
Em resumo, a embalagem foi evoluindo junto com as necessidades do homem.
Primeiro surgiu a necessidade de conter, depois de transportar e armazenar.
Com o tempo, era necessário proteger e conservar os produtos.
Por fim, com a Revolução Industrial e posteriormente Comercial, surgiu a necessidade de se vender.